Dando sequência à série sobre o diagnóstico da Sesa, agora vamos acompanhar a situação de algumas das unidades próprias do Estado. Aqui também falaremos da rede de sangue e das farmácias especiais.
Unidades de Curitiba e Região
Hospital do Trabalhador – A pressão no trabalho, os diversos vínculos empregatícios existentes naquela Unidade, a gestão autoritária, a falta de pessoal em alguns setores fazem do HT um espaço de gigante adoecimento da equipe. Esse é um hospital próprio em que a Sesa faz investimento, a estrutura aumenta, a capacidade de assistência também. Já o respeito e a valorização das/os trabalhadoras/es não chegam nem perto da cabeça dos gestores.
Hospital Colônia Adauto Botelho – Uma unidade referência em psiquiatria no Estado. Aliás, a política de saúde mental no Estado é um atraso em termos de serviços substitutivos e, por isso, a busca do leito em hospital continua crescendo. Fato que é o avesso da meta da Reforma Psiquiátrica. Essa unidade precisa de investimento em ações em Saúde do Trabalhador para prevenir o adoecimento psíquico da equipe, além de garantir uma equipe completa para o atendimento integral e, nesse aspecto, organizar uma equipe de médicas/os com vínculo efetivo com a Secretaria.
Igualmente em outras unidades a lavanderia e a cozinha foram terceirizadas, o que resultou na piora da alimentação das/os funcionárias/os e pacientes.
Para esses dois hospitais uma surpresa: a Sesa anuncia a contratação de residentes por dois anos. Uma residência em Enfermagem Obstétrica no Hospital do Trabalhador e um Programa Multiprofissional em Saúde Mental, no Adauto.
O SindSaúde entende que esse é mais um jeito de burlar o chamamento das/os aprovadas/os no concurso. Porque essas/es profissionais serão contratados pela Escola de Saúde Pública, que também está sendo gerenciada pela Funeas.
O Hospital de Dermatologia de Piraquara também foi esquecido e subutilizado em sua capacidade estrutural.
O Hospital São Sebastião da Lapa foi abandonado. Foi fechado o pronto atendimento e a pediatria. O Centro Cirúrgico está subutilizado e houve redução dos leitos de tisiologia, mesmo com alto investimento em reformas nesses dois setores.
A biossegurança das/dos trabalhadoras/es não está assegurada porque os filtros de ar hepa estão enguiçados e não há previsão para o funcionamento. Os serviços de lavanderia e cozinha, mesmo tendo servidoras e servidores em número suficiente e estrutura física para realizar esses serviços dentro da Unidade, foram terceirizados.
Unidades do interior
Londrina – Os hospitais Zona Sul e Zona Norte apresentam problemas muito semelhantes. A demanda crescente, associada a determinações da Sesa, cria um processo de trabalho extremamente acelerado e adoecedor.
Um exemplo é o aumento do número de cirurgias no Zona Sul sem que haja uma equipe maior. Ou mesmo ter duas/dois trabalhadoras/es no setor de internamento pós-cirúrgico, em que os pacientes exigem muita atenção e ainda têm de dar conta de diversos procedimentos, que demoram para serem executados.
No Zona Norte, em 2018, foi possível constatar situações como falta de medicamento, com raio-x quebrado por meses, um tomógrafo que nunca funcionou. Todo esse cenário mostra que a população e a equipe sobrevivem por teimosia.
Hospitais sob gestão dos municípios e da Unioeste – Nossas/os servidoras/es de Tibagi, Jaguariaíva, Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais e Cascavel atuam em unidades que a Sesa praticamente esqueceu. Temos profissionais bem capacitadas/os que precisam ser resgatadas/os por uma política da gestão de valorização pelo serviço prestado.
Rede de sangue e farmácias especiais
Rede de sangue – Está aí outro setor desprezado pela Sesa. Há de se reconhecer que ingressaram profissionais da área de farmácia – bioquímica – na rede de sangue. Mas os setores de enfermagem, técnicos de laboratório, serviço social, médicos e administrativos continuam na lástima de ter o mínimo do mínimo de funcionárias/os.
Se tantas campanhas são feitas para ampliar a doação de sangue, não há a mesma prioridade para equipar, melhorar as condições e dar nova vitalidade à rede de sangue. Tanto é que parte das unidades não consegue fazer coleta externa por falta de veículo e de pessoal. Em algumas unidades, até o lanche para o doador ficou restrito à bolacha velha com chá ralo.
O Tribunal de Contas investigou a contratação de empresa para fornecimento de determinado número de sanduiches por mês, quando o número registrado de doadores era bem menor que a quantia de alimentação contratada. Além disso, houve também o registro de inconformidades no recheio do pão.
Farmácias especiais – Vão de mal a pior. Nos últimos oito anos as farmácias especiais tiveram a demanda multiplicada incontáveis vezes. O problema do atendimento demorado foi parar na imprensa. A gestão Richa alegou que havia servidoras/es de férias e que outros faltaram ao trabalho. Uma fala que distorce o problema. Em função das aposentadorias, as equipes estão cada vez mais reduzidas, formando longas filas para a população receber atendimento.
O concurso estava aberto. Era só nomear e ampliar as equipes das farmácias de todas as regionais. O crescente desequilíbrio entre aumento da demanda e diminuição da equipe tem causado graves conflitos entre usuárias/os e trabalhadoras/es. Conflitos que existem por responsabilidade da Sesa, que não dota as farmácias com número adequado de profissionais. Sem saber da real causa do problema, usuários/as acabam por descontar nas/os servidoras/es o descontentamento pela demora no atendimento. Já há registro de caso de agressões físicas ou verbais. Quem não adoece com um problema desse?
Amanhã, 29/1, vamos falar exclusivamente das unidades repassadas à Funeas.
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